Pesquisadores descobriram que a proteína PCSK9 desempenha um papel crucial em determinar se as células do câncer de pâncreas irão metastatizar para o fígado ou para os pulmões. Publicado na Nature, o estudo mostrou que a forma como essas células obtêm colesterol influencia diretamente sua capacidade de adaptação aos diferentes ambientes desses órgãos — comparáveis, segundo os cientistas, a desertos e oceanos em termos de diversidade celular. O câncer pancreático frequentemente só dá sinais quando já se espalhou, tornando o entendimento desse processo essencial para novas abordagens terapêuticas.
As células tumorais com baixos níveis de PCSK9 são mais propensas a colonizar o fígado, onde aproveitam o colesterol abundante ao redor. Já as células com altos níveis de PCSK9 produzem seu próprio colesterol e moléculas antioxidantes, facilitando a sobrevivência nos pulmões, um ambiente mais oxidativo. Em um experimento-chave, ao forçar células “programadas” para o fígado a expressarem PCSK9, elas passaram a se direcionar aos pulmões. A descoberta oferece uma nova janela terapêutica: manipular o metabolismo do colesterol das células cancerígenas para interferir na sua capacidade de adaptação e, potencialmente, conter a metástase.
Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1038/s41586-025-09017-8
Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130