Consumo de carnes vermelhas processadas ligado ao maior risco de demência

Um grande estudo revelou que o consumo de carnes vermelhas processadas, como bacon, linguiça e salsicha, está associado a um maior risco de declínio cognitivo e demência. Pesquisadores acompanharam mais de 133 mil pessoas por até 43 anos e descobriram que aqueles que consumiam pelo menos 0,25 porções diárias de carnes processadas tinham 13% mais risco de desenvolver demência, enquanto o consumo de carnes vermelhas não processadas, como carne bovina ou suína, não apresentou diferença significativa no risco de demência.

Substituir uma porção diária de carnes processadas por alimentos como peixes, nozes ou frango reduziu o risco de demência em até 28%, além de desacelerar o envelhecimento cognitivo. Segundo os pesquisadores, a redução do consumo de carnes vermelhas e a inclusão de proteínas mais saudáveis na dieta poderiam ser estratégias para proteger a saúde cerebral.

Uma outra pesquisa, publicada na Nature Medicine, estima que 42% dos americanos com mais de 55 anos terão demência ao longo da vida, mais que o dobro das projeções anteriores. O estudo, baseado em dados do Atherosclerosis Risk in Communities Neurocognitive Study (ARIC-NCS), analisou 16 mil participantes desde 1987, documentando 3.252 casos de demência até 2020. Mulheres apresentaram maior risco (48%) do que homens (35%), devido à expectativa de vida mais longa. Entre os maiores fatores de risco estão idade, variantes genéticas como APOE4, hipertensão, diabetes, obesidade, dietas inadequadas e falta de atividade física. Os pesquisadores destacam a necessidade de políticas públicas que priorizem a prevenção de doenças cardiovasculares e promovam equidade racial na saúde. As taxas de demência entre pessoas negras devem triplicar nas próximas décadas, enquanto ações como maior acesso a aparelhos auditivos, educação infantil de qualidade e melhor nutrição podem ajudar a reduzir o impacto da doença.

Links para as pesquisas:
http://dx.doi.org/10.1212/WNL.0000000000210286
http://dx.doi.org/10.1038/s41591-024-03340-9

Conteúdo por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD

#SaúdeCerebral #DietaSaudável #DeclínioCognitivo #Demência

Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.