O segredo do “estômago da sobremesa”: como o cérebro nos faz comer açúcar mesmo saciados

Pesquisadores investigaram o fenômeno do “estômago da sobremesa” e descobriram que um grupo específico de neurônios no cérebro, chamados POMC, são responsáveis por estimular o desejo de consumir açúcar mesmo quando estamos saciados. Nos experimentos, camundongos que já haviam se alimentado continuaram a ingerir açúcar quando tinham acesso a ele, ativando os neurônios POMC. Esses neurônios, além de liberarem sinais de saciedade, também produzem β-endorfina, um opiáceo natural do corpo que desencadeia uma sensação de recompensa, incentivando o consumo contínuo de açúcar. Esse mecanismo foi ativado desde o primeiro contato dos camundongos com o açúcar, mesmo naqueles que nunca o haviam consumido antes. No entanto, quando os pesquisadores bloquearam essa via opióide, os camundongos saciados deixaram de consumir açúcar em excesso.

Para investigar se o mesmo ocorre em humanos, os pesquisadores realizaram exames cerebrais em voluntários que receberam uma solução açucarada, identificando a ativação da mesma região cerebral observada nos camundongos. Essa descoberta reforça a hipótese de que o desejo por açúcar é profundamente enraizado na biologia humana. Os achados também podem ter implicações importantes no tratamento da obesidade, já que já existem medicamentos que bloqueiam os receptores opióides no cérebro, mas que apresentam resultados limitados na perda de peso. Os pesquisadores sugerem que uma combinação entre essas drogas e outros tratamentos pode ser mais eficaz, mas mais estudos são necessários para confirmar essa abordagem.

Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1126/science.adp1510

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.