Pesquisadores investigaram o fenômeno do “estômago da sobremesa” e descobriram que um grupo específico de neurônios no cérebro, chamados POMC, são responsáveis por estimular o desejo de consumir açúcar mesmo quando estamos saciados. Nos experimentos, camundongos que já haviam se alimentado continuaram a ingerir açúcar quando tinham acesso a ele, ativando os neurônios POMC. Esses neurônios, além de liberarem sinais de saciedade, também produzem β-endorfina, um opiáceo natural do corpo que desencadeia uma sensação de recompensa, incentivando o consumo contínuo de açúcar. Esse mecanismo foi ativado desde o primeiro contato dos camundongos com o açúcar, mesmo naqueles que nunca o haviam consumido antes. No entanto, quando os pesquisadores bloquearam essa via opióide, os camundongos saciados deixaram de consumir açúcar em excesso.
Para investigar se o mesmo ocorre em humanos, os pesquisadores realizaram exames cerebrais em voluntários que receberam uma solução açucarada, identificando a ativação da mesma região cerebral observada nos camundongos. Essa descoberta reforça a hipótese de que o desejo por açúcar é profundamente enraizado na biologia humana. Os achados também podem ter implicações importantes no tratamento da obesidade, já que já existem medicamentos que bloqueiam os receptores opióides no cérebro, mas que apresentam resultados limitados na perda de peso. Os pesquisadores sugerem que uma combinação entre essas drogas e outros tratamentos pode ser mais eficaz, mas mais estudos são necessários para confirmar essa abordagem.
Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1126/science.adp1510
Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130