Embora fatores como genética, estilo de vida e exposição a agentes carcinogênicos sejam amplamente reconhecidos como causas do câncer, um novo estudo publicado na JAMA Network Open revela que o estresse crônico pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento e progressão da doença. A pesquisa analisou 121 mulheres com câncer de mama e mostrou que o estresse diário, discriminação racial, isolamento social e condições socioeconômicas precárias afetam negativamente o sistema imunológico, criando um ambiente propício para o crescimento de células malignas.
Os resultados indicam que o estresse não apenas desregula a resposta imunológica, mas também estimula a produção de angiopoietinas, substâncias que favorecem a formação de novos vasos sanguíneos — um fator essencial para o crescimento tumoral. Além disso, foi observada uma supressão das células imunes responsáveis por combater tumores, tornando a defesa natural do organismo menos eficiente. Curiosamente, o estudo também encontrou uma maior carga mutacional tumoral associada ao estresse, o que pode tornar alguns tipos de câncer mais agressivos, mas potencialmente mais responsivos a imunoterapias.
Os efeitos do estresse sobre o sistema imunológico e a progressão do câncer foram mais pronunciados em mulheres negras, o que pode ajudar a explicar as disparidades raciais nos índices de incidência e gravidade do câncer de mama. Diante desses achados, especialistas sugerem que a redução do estresse e o fortalecimento do suporte social podem desempenhar um papel relevante na prevenção e no tratamento do câncer. Estratégias como mindfulness, atividades físicas, interação social e terapias alternativas podem ser adotadas para mitigar os efeitos negativos do estresse crônico na saúde.
Link para o estudo: https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2024.59754
Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130