Microplásticos no Cérebro e Superbactérias: Dois Riscos Emergentes para a Saúde Humana

Dois novos estudos revelam impactos preocupantes dos micro e nanoplásticos (MNPs) sobre a saúde humana. O primeiro, publicado na Nature Medicine, demonstrou que a concentração de MNPs no cérebro humano aumentou significativamente entre 2016 e 2024. Utilizando amostras post-mortem de tecidos cerebrais, hepáticos e renais, pesquisadores descobriram que o cérebro apresenta níveis de MNPs até 30 vezes superiores aos observados em outros órgãos. A maioria das partículas encontradas estava na faixa nano (menores que 200 nm), e acredita-se que sejam absorvidas pelo organismo junto com gorduras da dieta. A acumulação foi ainda mais alta em pessoas com demência, embora a relação causal ainda não esteja comprovada.

O segundo estudo, publicado na Applied and Environmental Microbiology, traz evidências de que microplásticos podem favorecer o surgimento de bactérias resistentes a antibióticos, especialmente em contextos vulneráveis como campos de refugiados. Em experimentos conduzidos pela Universidade de Boston, a bactéria E. coli desenvolveu biofilmes mais espessos e resistentes ao se fixar em microplásticos, dificultando a ação de antibióticos. O efeito persistiu mesmo após a remoção dos plásticos, o que indica uma possível mudança duradoura no comportamento das bactérias.

Ambos os estudos reforçam preocupações sobre a onipresença dos microplásticos no meio ambiente e no corpo humano, já encontrados no sangue, tecidos e agora no cérebro. Também levantam questões críticas sobre seus efeitos imunológicos, neurológicos e microbiológicos, bem como o impacto em populações vulneráveis e deslocadas, que vivem em ambientes altamente expostos.

Os autores pedem cautela na interpretação clínica, pois a relação entre MNPs e doenças como demência ainda não é conclusiva. No entanto, defendem mais investimentos em pesquisas sobre os mecanismos de absorção, distribuição e efeitos sistêmicos desses poluentes invisíveis, que podem representar uma ameaça crescente à saúde pública global.

Links para os estudos:
https://doi.org/10.1038/s41591-024-03453-1
http://dx.doi.org/10.1128/aem.02282-24

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.