Um novo estudo britânico revelou que 9% de todas as reações adversas a medicamentos reportadas no Reino Unido envolvem fármacos cujo risco pode ser modulado por variantes genéticas conhecidas — um campo chamado farmacogenômica. Surpreendentemente, 75% dessas reações envolvem apenas três genes: CYP2C19, CYP2D6 e SLCO1B1, que estão diretamente relacionados à metabolização e eliminação de medicamentos pelo organismo. A análise, publicada no PLOS Medicine, investigou mais de 1,3 milhão de registros de reações adversas entre 1963 e 2024. Dos 115.789 casos com potencial modificação farmacogenômica, quase metade foi atribuída a medicamentos psiquiátricos, e cerca de um quarto, a cardiovasculares.
Estes dados reforçam a importância de implementar testes genéticos especialmente nesses dois grupos terapêuticos. Os pesquisadores ponderam que o acesso a esses testes ainda é restrito, mas poderia ser expandido a partir de painéis mais amplos e de baixo custo, visto que os testes genéticos só precisam ser realizados uma única vez e seus dados podem ser incorporados aos prontuários eletrônicos. Embora três genes representem 75% dos casos evitáveis, especialistas alertam que restringir os testes apenas a esses genes seria uma oportunidade perdida, pois variantes adicionais podem impactar significativamente outros medicamentos. Esses dados reforçam o apelo por implementação mais ampla da farmacogenômica na prática clínica, como ferramenta de segurança e eficácia terapêutica.
Link para o estudo: https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1004565
Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130