Abuso de álcool causa danos duradouros em circuitos cerebrais

Pela primeira vez, pesquisadores demonstraram em modelo animal como o consumo crônico e intenso de álcool pode causar danos duradouros em circuitos cerebrais ligados à tomada de decisões, mesmo após um longo período de abstinência. O estudo, publicado na Science Advances, utilizou ratos expostos a altas doses de álcool por um mês, seguidos de quase três meses de abstinência. As análises mostraram que os ratos expostos ao álcool apresentavam alterações funcionais profundas no núcleo estriado dorsomedial, uma região cerebral crítica para a tomada de decisões. Seus neurônios processavam informações de forma menos eficiente, resultando em comportamento mais lento e menos estratégico. Os sinais neurais relacionados às decisões também eram mais fracos.

Esses achados fornecem um novo modelo experimental para estudar os prejuízos cognitivos associados ao transtorno por uso de álcool em humanos. O estudo também trouxe uma descoberta surpreendente: os déficits cognitivos e neurais persistem por meses após a abstinência, sugerindo uma possível explicação para as altas taxas de recaída em humanos, mesmo após reabilitação. Curiosamente, os efeitos foram observados apenas em ratos machos. Embora não signifique que fêmeas sejam imunes, isso indica possíveis diferenças de sensibilidade entre os sexos aos efeitos de longo prazo do álcool, tema que os pesquisadores pretendem explorar em estudos futuros. Os resultados reforçam a urgência em compreender melhor como o álcool afeta o cérebro e como esses danos podem ser prevenidos ou revertidos.

Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.adt0200

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.