Pela primeira vez, pesquisadores demonstraram em modelo animal como o consumo crônico e intenso de álcool pode causar danos duradouros em circuitos cerebrais ligados à tomada de decisões, mesmo após um longo período de abstinência. O estudo, publicado na Science Advances, utilizou ratos expostos a altas doses de álcool por um mês, seguidos de quase três meses de abstinência. As análises mostraram que os ratos expostos ao álcool apresentavam alterações funcionais profundas no núcleo estriado dorsomedial, uma região cerebral crítica para a tomada de decisões. Seus neurônios processavam informações de forma menos eficiente, resultando em comportamento mais lento e menos estratégico. Os sinais neurais relacionados às decisões também eram mais fracos.
Esses achados fornecem um novo modelo experimental para estudar os prejuízos cognitivos associados ao transtorno por uso de álcool em humanos. O estudo também trouxe uma descoberta surpreendente: os déficits cognitivos e neurais persistem por meses após a abstinência, sugerindo uma possível explicação para as altas taxas de recaída em humanos, mesmo após reabilitação. Curiosamente, os efeitos foram observados apenas em ratos machos. Embora não signifique que fêmeas sejam imunes, isso indica possíveis diferenças de sensibilidade entre os sexos aos efeitos de longo prazo do álcool, tema que os pesquisadores pretendem explorar em estudos futuros. Os resultados reforçam a urgência em compreender melhor como o álcool afeta o cérebro e como esses danos podem ser prevenidos ou revertidos.
Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.adt0200
Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130
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