Vacina contra Herpes-Zóster pode reduzir risco de demência em 20%

Um estudo que avaliou dados do País de Gales gerou a evidência mais robusta até hoje de que uma vacina pode reduzir o risco de demência. Este estudo foi liderado pela Stanford e publicado na Nature. A análise de registros de saúde de mais de 280 mil idosos galeses mostrou que aqueles que receberam a vacina contra herpes-zóster foram 20% menos propensos a desenvolver demência nos sete anos seguintes, em comparação com os não vacinados.

A vacina em questão utiliza um vírus vivo atenuado (versão antiga da vacina contra herpes-zóster), e foi aplicada entre 2013 e 2014 em pessoas que completavam 79 anos naquela data. Já os que completaram 80 anos antes disso nunca se tornaram elegíveis, criando um “experimento natural” quase comparável a um ensaio clínico randomizado. Essa distinção etária acidental permitiu aos pesquisadores isolar o impacto causal da vacina. Durante o período de sete anos, a vacina reduziu os casos de herpes-zóster em 37% e foi associada a uma redução de 20% nos diagnósticos de demência — um efeito considerado marcante, robusto e persistente. Além disso, o efeito protetor foi mais forte em mulheres, o que pode ser explicado por diferenças imunológicas ou na biologia da demência, já que mulheres costumam ter respostas vacinais mais intensas e taxas mais altas de herpes-zóster.

O mecanismo exato de proteção ainda é desconhecido. Pode estar relacionado à prevenção de reativações do vírus varicela-zóster, ao estímulo do sistema imunológico ou a outros fatores ainda não compreendidos. Essa linha de pesquisa abre caminhos promissores para a prevenção da demência através de intervenções já disponíveis e seguras.

Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1038/s41586-025-08800-x

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.