O gene que moldou a Peste Negra: estudo revela como a bactéria ajustou sua virulência para sobreviver por séculos

Um novo estudo publicado na revista Science revela como uma única modificação genética no patógeno causador da peste bubônica (ou peste negra), a bactéria Yersinia pestis, foi determinante para sua sobrevivência ao longo de séculos. Pesquisadores demonstraram que a quantidade de cópias do gene pla, que é fundamental para a bactéria escapar do sistema imune e se disseminar pelo corpo, influenciava diretamente a letalidade e o tempo de infecção. Ao longo das pandemias, cepas da bactéria com menor número de cópias do gene tornaram-se menos letais, permitindo que os hospedeiros vivessem por mais tempo e, assim, espalhassem a infecção com mais eficiência.

O estudo analisou centenas de amostras antigas e modernas da bactéria e mostrou que essa adaptação evolutiva ocorreu de forma semelhante nas pandemias da Peste de Justiniano e da Peste Negra. Cepas menos letais prolongaram a sobrevivência dos ratos, os principais vetores da doença, mantendo o ciclo epidêmico. Contudo, essas variantes eventualmente desapareceram, provavelmente devido a mudanças ecológicas e populacionais. Atualmente, a maioria das cepas que circulam em regiões como África e América do Sul ainda possui alta virulência, sendo similares às responsáveis por grandes ondas de mortalidade no passado. A pesquisa oferece novos insights sobre como pandemias evoluem e abre caminhos para compreender melhor os mecanismos que favorecem sua persistência ou extinção.

Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1126/science.adt3880

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.