Um estudo revelou que a cafeína, presente não apenas no café, mas também em chás, chocolates, refrigerantes e energéticos, pode afetar negativamente o sono e a recuperação cognitiva do cérebro, especialmente em adultos jovens. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Montreal e utilizou inteligência artificial e eletroencefalografia (EEG) para analisar a atividade cerebral noturna de 40 adultos saudáveis que receberam cafeína antes de dormir.
Os resultados mostraram que a cafeína aumenta a complexidade dos sinais neurais e impulsiona o cérebro a um estado de “criticidade” — um ponto de equilíbrio entre ordem e caos, essencial para o funcionamento ideal do cérebro durante o dia. No entanto, esse estado, mantido durante a noite sob efeito da cafeína, interfere na capacidade de relaxamento e recuperação cerebral, afetando ondas lentas como alfa e teta (associadas ao sono profundo), e estimulando ondas beta (relacionadas ao estado de vigília).
Esses efeitos foram mais marcantes em jovens entre 20 e 27 anos, que têm maior densidade de receptores de adenosina — molécula que induz o sono e cuja ação é bloqueada pela cafeína. Em participantes de 41 a 58 anos, os efeitos foram menos intensos. Os pesquisadores alertam que o uso generalizado de cafeína pode impactar a eficiência do sono e da consolidação da memória, e sugerem que estratégias personalizadas de consumo podem ser importantes, especialmente entre os mais jovens.
Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1038/s42003-025-08090-z
Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130