Estudo revela que excesso de ferro no cérebro agrava Alzheimer em pessoas com Síndrome de Down

Estudo revela que excesso de ferro no cérebro agrava Alzheimer em pessoas com Síndrome de Down

Pesquisadores descobriram que altos níveis de ferro no cérebro estão associados a maior dano celular em pessoas com Síndrome de Down e doença de Alzheimer. Publicado recentemente, o estudo revela que esses cérebros possuem o dobro de ferro e mais sinais de estresse oxidativo nas membranas celulares quando comparados a cérebros com Alzheimer isolado ou saudáveis. A pesquisa aponta para um processo específico de morte celular chamado ferroptose, impulsionado pelo acúmulo de ferro e danos lipídicos, que pode explicar por que os sintomas de Alzheimer surgem mais cedo e de forma mais grave em indivíduos com Síndrome de Down. A presença de três cópias do gene APP (proteína precursora do amiloide), localizado no cromossomo 21, leva a uma maior produção da proteína beta-amiloide, ligada à formação de placas características da doença.

Ao estudar o córtex pré-frontal de cérebros doados, os cientistas identificaram maior concentração de ferro, mais subprodutos de peroxidação lipídica e menor atividade de enzimas antioxidantes nos cérebros de pessoas com SDDA. Além disso, estruturas chamadas “lipid rafts”, que regulam a sinalização celular e o processamento de proteínas como APP, estavam especialmente danificadas. Nessas regiões, também foi observada maior atividade da β-secretase — enzima envolvida na produção de Aβ. Casos raros de Síndrome de Down em mosaico ou parcial, que apresentam menor expressão do gene APP, mostraram níveis reduzidos de ferro e maior longevidade, reforçando a hipótese de que o excesso de APP e ferro acelera a progressão da doença. Os autores sugerem que tratamentos com quelantes de ferro ou fortalecedores do sistema antioxidante cerebral podem representar novas estratégias terapêuticas.

Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1002/alz.70322

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.