Pesquisadores descobriram que altos níveis de ferro no cérebro estão associados a maior dano celular em pessoas com Síndrome de Down e doença de Alzheimer. Publicado recentemente, o estudo revela que esses cérebros possuem o dobro de ferro e mais sinais de estresse oxidativo nas membranas celulares quando comparados a cérebros com Alzheimer isolado ou saudáveis. A pesquisa aponta para um processo específico de morte celular chamado ferroptose, impulsionado pelo acúmulo de ferro e danos lipídicos, que pode explicar por que os sintomas de Alzheimer surgem mais cedo e de forma mais grave em indivíduos com Síndrome de Down. A presença de três cópias do gene APP (proteína precursora do amiloide), localizado no cromossomo 21, leva a uma maior produção da proteína beta-amiloide, ligada à formação de placas características da doença.
Ao estudar o córtex pré-frontal de cérebros doados, os cientistas identificaram maior concentração de ferro, mais subprodutos de peroxidação lipídica e menor atividade de enzimas antioxidantes nos cérebros de pessoas com SDDA. Além disso, estruturas chamadas “lipid rafts”, que regulam a sinalização celular e o processamento de proteínas como APP, estavam especialmente danificadas. Nessas regiões, também foi observada maior atividade da β-secretase — enzima envolvida na produção de Aβ. Casos raros de Síndrome de Down em mosaico ou parcial, que apresentam menor expressão do gene APP, mostraram níveis reduzidos de ferro e maior longevidade, reforçando a hipótese de que o excesso de APP e ferro acelera a progressão da doença. Os autores sugerem que tratamentos com quelantes de ferro ou fortalecedores do sistema antioxidante cerebral podem representar novas estratégias terapêuticas.
Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1002/alz.70322
Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130