Plástico no prato, risco no peito: composto comum pode ter causado mais de 350 mil mortes cardíacas em 2018

Plástico no prato, risco no peito: composto comum pode ter causado mais de 350 mil mortes cardíacas em 2018

Um composto amplamente usado para amaciar plásticos pode estar silenciosamente colocando corações em risco — e a conta já começou a chegar. Segundo um novo estudo liderado por pesquisadores da New York University, o DEHP, uma substância do grupo dos ftalatos, pode ter contribuído para mais de 356 mil mortes por doenças cardiovasculares em 2018, principalmente na Ásia e no Oriente Médio. Os ftalatos estão presentes em embalagens plásticas de alimentos, tubos hospitalares, equipamentos médicos e dezenas de produtos do cotidiano. Ao entrar no organismo, pode provocar inflamação nas artérias, aumentando o risco de infarto e AVC.

A estimativa, publicada na Lancet eBiomedicine, é resultado de uma análise global de dados de saúde e ambientais de 200 países. O estudo revelou que só a Índia registrou mais de 100 mil mortes atribuídas à exposição ao DEHP, seguida por China e Indonésia, países com produção plástica intensa e menos regulamentação industrial. O impacto econômico também é alarmante: a exposição ao DEHP teria gerado um prejuízo de até 3,7 trilhões de dólares em 2018.

Embora o estudo não prove uma relação direta de causa e efeito, ele reforça os alertas antigos sobre os riscos dos ftalatos, que já vinham sendo associados à obesidade, infertilidade, câncer e problemas no desenvolvimento fetal. “O que vemos agora é uma ameaça global à saúde pública ligada ao estilo de vida moderno e à dependência de plásticos,” alerta o pesquisador Leonardo Trasande. A equipe pretende, nos próximos anos, investigar os efeitos da redução desses compostos na saúde global.

A mensagem é clara: aquilo que envolve, armazena ou embala o que consumimos pode estar, sem alarde, sabotando nosso coração.

Link para o estudo: http://dx.doi.org/10.1016/j.ebiom.2025.105730

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD
Médico Geneticista – CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.