Ciência desvenda quatro tipos ocultos de autismo: cada um conta uma história genética distinta

Estudo revela quatro subtipos genéticos distintos de autismo, mudando a forma como entendemos e tratamos o TEA.

Subtipos ocultos de autismo. Cientistas identificaram quatro perfis biológicos distintos de TEA a partir de dados clínicos e genéticos de mais de 5 mil crianças. Publicado na Nature Genetics, o estudo abre caminho para diagnósticos mais precisos e terapias personalizadas.

O que a pesquisa mostrou

Usando uma abordagem centrada no indivíduo, com mais de 230 traços clínicos por criança e algoritmos avançados, foram definidos quatro grupos consistentes, cada um com trajetórias de desenvolvimento e assinaturas genéticas próprias:

  1. Desafios Sociais e Comportamentais (37%): dificuldades sociais e comportamentos repetitivos, mas sem atraso no desenvolvimento. Comorbidades frequentes: ansiedade, TOC e TDAH.
  2. Autismo com Atraso no Desenvolvimento (19%): atraso em fala e marcha, menos sintomas psiquiátricos. Perfil heterogêneo social e comportamental.
  3. Desafios Moderados (34%): sintomas mais leves, desenvolvimento típico e raras comorbidades. Impacto global menor.
  4. Amplamente Afetados (10%): atraso no desenvolvimento, dificuldades sociais severas, comunicação comprometida, comportamentos repetitivos e múltiplas comorbidades.

O papel da genética

Cada subtipo apresentou padrões genéticos diferentes. O grupo Amplamente Afetados teve mais mutações de novo prejudiciais, enquanto o grupo com atraso no desenvolvimento mostrou mais variantes herdadas raras. Já em outros, as alterações genéticas parecem se ativar mais tarde, possivelmente explicando diagnósticos tardios.

Por que isso importa

  • Famílias: melhor previsão do curso clínico, possíveis sintomas futuros e opções de tratamento mais direcionadas.
  • Ciência: modelo replicável para estudar doenças complexas e heterogêneas.
  • Medicina: marco na transição para uma medicina de precisão no autismo.

Perguntas frequentes

Quantos subtipos de autismo foram identificados?
Quatro: Desafios Sociais e Comportamentais, Autismo com Atraso no Desenvolvimento, Desafios Moderados e Amplamente Afetados.
O que diferencia esses subtipos?
Perfis clínicos, presença de comorbidades, trajetórias de desenvolvimento e mecanismos genéticos distintos.
Como essa descoberta ajuda no tratamento?
Permite adaptar intervenções de acordo com o subtipo, aproximando-se da medicina de precisão no TEA.

Referências

  1. Nature Genetics — Subtipos biológicos do autismo e assinaturas genéticas

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD — Médico Geneticista (CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130).

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.