Bloqueio do processamento do RNA pode fazer o câncer se autodestruir

Inibir o “minor splicing” provoca danos no DNA tumoral e ativa p53, freando tumores impulsionados por KRAS.

Minor splicing como alvo terapêutico. Pesquisadores australianos mostraram que um tipo específico de processamento do RNA — o minor splicing — é crucial para o crescimento de tumores difíceis de tratar, especialmente aqueles com mutações somáticas em KRAS. Embora represente apenas 0,05% do processamento de RNA, esse mecanismo sustenta genes-chave de proliferação celular; ao bloqueá-lo, há dano de DNA, ativação de p53 e morte tumoral, com mínimo impacto em células saudáveis.

Como funciona o ataque pela “brecha” do RNA

O minor splicing processa um subconjunto raro de introns presentes em genes reguladores de divisão e crescimento celular. Tumores dependentes desses circuitos tornam‑se vulneráveis quando o mecanismo é reduzido. O estudo mostrou que mesmo a redução parcial de proteínas essenciais, como RNPC3, já diminui de forma significativa o crescimento tumoral.

Evidências em múltiplos modelos

Os experimentos incluíram modelos de câncer de fígado, pulmão e estômago em zebrafish, camundongos e linhagens humanas. A inibição do minor splicing levou a acúmulo de danos no DNA, ativação da via p53 e apoptose, com pouco efeito em células normais — um indicativo de janela terapêutica.

Por que isso importa

  • KRAS e tumores sólidos: oferece um novo flanco para neoplasias notoriamente resistentes.
  • Terapias mais seletivas: efeito antitumoral com menor toxicidade sistêmica em modelos pré-clínicos.
  • Pipeline de fármacos: resultado já impulsiona o desenvolvimento de inibidores de minor splicing.

Perguntas frequentes

O que é minor splicing?
É um mecanismo raro de processamento de RNA que remove introns “menores” em um conjunto específico de genes reguladores de proliferação.
Por que inibir esse processo afeta mais o tumor?
Tumores dependem fortemente desses genes para se multiplicar; a inibição causa danos no DNA e ativa p53, levando à morte celular.
Isso já está disponível como tratamento?
Ainda não; os resultados são pré-clínicos, mas há esforços para desenvolver fármacos direcionados ao minor splicing.

Referências

  1. Nature Cancer — Targeting minor splicing disables KRAS-driven tumors via DNA damage and p53 activation

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD — Médico Geneticista (CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130).

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.