Dieta ultraprocessada aumenta gordura e altera hormônios sob condições isocalóricas

Por que dietas ultraprocessadas engordam mesmo sem calorias extras

Ensaios isocalóricos mostram ganho de gordura e alterações hormonais com dietas ultraprocessadas.

Não é “só caloria”. Em estudo com homens jovens, uma dieta ultraprocessada gerou +1 kg de gordura em 3 semanas mesmo com calorias, proteínas, gorduras e carboidratos iguais aos de uma dieta minimamente processada. Também houve queda de testosterona/FSH e aumento de ftalatos, sugerindo efeitos biológicos do processo industrial além do conteúdo energético.

Como foi o estudo

  • Desenho: 43 voluntários masculinos seguiram duas dietas (ultraprocessada vs. minimamente processada) por 3 semanas cada, com refeições isocalóricas e macronutrientes idênticos.
  • Resultado principal: maior acúmulo de gordura corporal na fase ultraprocessada.
  • Marcadores hormonais/ambientais: redução de testosterona e FSH e elevação de ftalatos, compostos associados a desregulação endócrina e qualidade espermática.

Possíveis mecanismos

  • Matriz alimentar alterada: textura, palatabilidade e velocidade de digestão modulam hormônios de saciedade e metabolismo.
  • Exposição química: contato com packaging (ftalatos) e aditivos pode impactar eixo reprodutivo e sensibilidade à insulina.
  • Inflamação/metabolismo: ingredientes refinados e emulsificantes podem favorecer inflamação de baixo grau e armazenamento de gordura.

O que isso muda na prática

  • Qualidade > calorias: igualar calorias não garante o mesmo efeito metabólico/hormonal.
  • Priorize comida “de verdade”: baseie a dieta em minimamente processados; use processados com parcimônia e ultraprocessados apenas em ocasiões.
  • Foco em preparo/embalagem: prefira caseiros, reduza plásticos em altas temperaturas, e varie fontes proteicas/vegetais.

Perguntas frequentes

“Se eu contar calorias, posso comer ultraprocessado sem problema?”
Não necessariamente. Este estudo mostra que, mesmo isocalórico, ultraprocessado associou-se a maior gordura e pior perfil hormonal.
Quais passos práticos para reduzir ultraprocessados?
Planeje refeições simples, cozinhe mais em casa, leia rótulos, priorize alimentos com lista curta de ingredientes e evite embalagens plásticas aquecidas.
Vale para mulheres e outras faixas etárias?
O estudo avaliou homens jovens. A direção dos efeitos pode se aplicar mais amplamente, mas são necessários estudos em outros grupos.

Referências

  1. Cell Metabolism — Ultra-processed diets induce adiposity and endocrine disruption under isocaloric conditions

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD — Médico Geneticista (CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130).

#AlimentosUltraprocessados #SaúdeMetabólica #Testosterona #Esperma #Nutrição #Obesidade #DoençasCrônicas #Endocrinologia #AlimentaçãoSaudável #Geneaxis #SaúdeReprodutiva #Ftalatos #Hormônios #CiênciaDaNutrição #Ciência #EducaçãoMédica #Geneaxis #Genética #Genômica #MedicinaDePrecisão #MedicinaPersonalizada #PesquisaCientífica #Saúde

Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.