Polyommatus atlantica: borboleta azul do Atlas com 229 pares de cromossomos

Borboleta marroquina quebra recorde com 229 pares de cromossomos

Current Biology: a borboleta azul do Atlas (Polyommatus atlantica) carrega 229 pares de cromossomos — recorde entre animais conhecidos.

Borboleta marroquina quebra recorde: 229 pares de cromossomos. O primeiro sequenciamento completo da Polyommatus atlantica revelou o maior número de cromossomos já visto em um animal. Diferente de duplicações, o aumento decorre de fragmentação cromossômica em regiões menos condensadas do DNA, ocorrida em ~3 milhões de anos.

Por que isso importa

  • Evolução e especiação: mudanças extremas na organização cromossômica podem alterar isolamento reprodutivo e adaptação.
  • Paralelos com câncer: rearranjos e fragmentações lembram padrões vistos em células tumorais, ajudando a modelar instabilidade genômica.
  • Conservação: espécie ameaçada por clima e degradação de habitat no Atlas (Marrocos/Argélia).

O que o estudo encontrou

  • 229 pares vs. 23–24 em parentes próximos; conteúdo gênico preservado, porém “empacotado” em mais unidades.
  • Hotspots de quebra em trechos menos condensados do genoma, favorecendo fragmentação sem perda de informação essencial.
  • Linha do tempo: reconfiguração rápida em escala evolutiva (<5 milhões de anos).

Perguntas em aberto

  • Mais cromossomos trazem vantagem adaptativa ou vulnerabilidade?
  • Como a segregação meiótica se mantém estável com tantos cromossomos?
  • Esse “modelo de fragmentação” se repete em outros grupos?

Perguntas frequentes

Ter mais cromossomos significa ter “mais genes”?
Nem sempre. No caso da P. atlantica, o conteúdo genético é similar, mas distribuído em mais cromossomos por fragmentação.
Isso afeta a reprodução?
Potencialmente. Muitos cromossomos exigem sinapse e segregação altamente coordenadas na meiose. A espécie parece ter estabilizado esse processo.
Há relação com câncer em humanos?
Não direta. Porém, rearranjos e fragmentações cromossômicas vistas nesta borboleta lembram padrões de instabilidade genômica em tumores, úteis como modelo de estudo.

Referências

  1. Current Biology — Chromosome hyper-fragmentation in the Atlas blue butterfly (Polyommatus atlantica)

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD — Médico Geneticista (CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130).

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.