Finasterida e saúde mental — depressão, ansiedade e risco de suicídio (revisão em Journal of Clinical Psychiatry)

A pílula da calvície e o silêncio perigoso: finasterida, depressão e o preço da vaidade

Journal of Clinical Psychiatry: revisão aponta associação consistente de finasterida com depressão, ansiedade e ideação suicida e critica falhas de farmacovigilância.

A pílula da calvície e o silêncio perigoso: por décadas, a finasterida foi adotada como solução estética para alopecia. Um novo levantamento questiona a segurança psiquiátrica do uso “cosmético”, apontando associação com depressão, ansiedade e suicídios, e cobrando reformas na farmacovigilância.

O que o estudo descreve

  • Associação consistente entre finasterida (bloqueio de 5α-redutase → ↓DHT) e eventos psiquiátricos (depressão/ansiedade/ideação suicida).
  • Mecanismo proposto: interferência em neuroesteroides (ex.: alopregnanolona) envolvidos na modulação do humor.
  • Síndrome pós-finasterida: sintomas que podem persistir mesmo após a suspensão do medicamento.
  • Crítica regulatória: alegada “falência sistêmica” na avaliação e no monitoramento de segurança para indicação cosmética.

Implicações clínicas

  • Avaliar risco–benefício individual (história pessoal/familiar de transtornos do humor, ideação suicida, ansiedade, TDM, TEA/TDAH, uso de outras medicações).
  • Informar e obter consentimento com linguagem clara sobre efeitos neuropsiquiátricos potenciais.
  • Rastreamento ativo de humor e ansiedade (PHQ-9/GAD-7) em baseline e seguimento inicial (4–12 semanas).
  • Plano de ação: se surgirem sintomas, interromper e encaminhar para avaliação médica/psiquiátrica. Em urgência (ideação suicida), buscar atendimento imediato.
  • Alternativas para alopecia: minoxidil tópico/oral (conforme indicação médica), terapias combinadas, opções não farmacológicas (microagulhamento, transplante capilar, camuflagem estética).

Atenção: este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Nunca inicie, mantenha ou suspenda medicação sem orientação do seu médico.

Perguntas frequentes

Finasterida causa depressão em todo mundo?
Não. O estudo ressalta associação, com possível maior risco em indivíduos suscetíveis. Avaliação médica é essencial.
Posso parar a finasterida por conta própria?
Não. Procure seu médico para discutir suspensão segura e alternativas terapêuticas.
Existe “síndrome pós-finasterida”?
Há relatos de sintomas persistentes (sexuais e neuropsiquiátricos) após a suspensão em parte dos pacientes. O manejo deve ser multidisciplinar.

Referências

  1. Journal of Clinical Psychiatry — Finasteride and mental health: pharmacovigilance and regulatory considerations

Conteúdo elaborado por: Dr. Caio Robledo Quaio, MD, MBA, PhD — Médico Geneticista (CRM-SP 129.169 / RQE nº 39130).

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Dr. Caio
Robledo Quaio

CRM-SP: 129.169
RQE: 39130

Médico (90a turma) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência em Genética Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e Doutorado em Ciências pela USP. Possui Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica, Acreditação Internacional pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, dos EUA, Observrship em Doenças Metabólicas pelo Boston Children’s Hospital e Harvard Medical School e foi Visiting Academic da University of Otago, da Nova Zelândia. É autor e coautor de dezenas de estudos científicos em genética, genômica, doenças raras, câncer hereditário, entre outros temas da genética. Atualmente, é Médico Geneticista do Laboratório Clínico do HIAE e do Projeto Genomas Raros, ambos vinculados ao Hospital Israelita Albert Einstein, e Pesquisador Pós-Doutorando da Faculdade de Medicina da USP.

Dra. Helena
Strelow Thurow

CRBIO-01: 100852

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Realizou Pós Doutorado em Epidemiologia e Pós-Doutorado PNPD em Biotecnologia, ambos na Universidade Federal de Pelotas. Posteriormente, realizou Pós-Doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Foi Analista de Laboratório no setor de NGS do Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é Analista de Pesquisa na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Biologia Molecular e Biotecnologia.